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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 17 de maio de 2024
 

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Mensagem: COMPRANDO E VENDENDO Luiz de Paula Estamos sempre comprando e vendendo. Meu primeiro patrão me ensinou a cumprimentar os fregueses e mostrar interesse por eles. Era uma casa de negócios, no interior, que vendia no varejo e atacado, desde a cachaça até os tecidos mais finos. Eu era novato e coube-me o pior balcão - o de bebidas e mantimentos a retalho e compra de ovos empalhados. Abríamos as portas às sete horas e fechávamos às vinte e uma. O movimento era intenso. Uma luta, sem parar. Eu era quartanista do curso de Ciências e Letras, como se designava então o curso ginasial, de cinco anos. E fora obrigado a interromper os estudos por falta de recursos. Procurei emprego e encontrei esse. O sócio gerente era um azougue. Excelente comerciante, um artista para aliciar freguesia. Eu tinha vontade de ser advogado ou médico e estava ali cumprindo sina. Trabalhando muito, mas interiormente amargurado. Estava no emprego já havia umas duas semanas, quando o sócio-gerente me observou: “o pessoal o cumprimenta e você, às vezes, está de costas e responde sem se voltar. Isso não é bom. O pessoal da roça repara essas coisas.” Eu ouvi calado e calado fiquei. Mas compreendi muito bem. Naquele mesmo dia, estava de costas para o balcão, enchendo de arroz uma medida de cinco litros, para atender a um freguês, quando ouvi a voz de um freguês chegante: - Boa tarde, moço. Ai me virei, executando uma volta de 180 graus. Olhei com um sorriso o recém-chegado. - Boa tarde, amigo! Aguarde um pouco. Vou atender ao senhor neste instante. Aquela volta de 180 graus não foi só no espaço físico. Eu tinha resolvido assumir minha nova posição. Meus sonhos de advocacia ou medicina, muito bons, iam ficar arquivados. Voltei-me, nesse giro de 180 graus, para a minha realidade. Agora vou ser comerciante. O melhor que puder. Isso foi no mês de março. Éramos quatro a trabalhar no balcão, incluindo o gerente. Todos, exceto eu, homens feitos, casados, com filhos. Antigos no estabelecimento. Pois bem. No fim do ano, o sócio-gerente foi assumir a gerência da matriz. Sabe qual dos três foi escolhido para gerente da filial? Isso mesmo: este seu criado. Naquela observação de meu primeiro patrão eu aprendi mais: a gente está sempre comprando e vendendo. Seja o que for. Então, temos sempre de fazer o melhor de que somos capazes.

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