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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 2 de maio de 2024
 

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Mensagem: PASTORES DA NOITE (série Bandeira 2) Vindo originalmente do Bar Bandeirantes, montado pelo empresário Virgílio para fazer concorrência ao restaurante do Terminal Rodoviário, em que perdera a concorrência fraudulenta, o Bandeira 2 fez história nas noites montes-clarenses. Funcionou diuturnamente entre 1968 e 1990. Duas décadas! O bar tinha como vizinhos de atividade noturna o Hotel de Pedro Nu, e o exótico “Bardonato”, onde só trabalhavam malandros escolados. Comia-se o melhor tira-gosto e a melhor comida típica de então. Carioca, um garçom pintou a placa da entrada: “Bardonato! Onde se come e se bebe barato”. “Nato” era o maior agiota do pedaço. Emprestava dinheiro para os ferroviários e cobrava juros de até trinta por cento. Na rua de baixo, o bar do valente João da Hora, local de gente destemida, de murrão da roça, e onde a coroa da Santa padroeira da Catedral, operada por Neneco, cobra criada da noite, e que fez o leilão da peça sacra. O maior sacrilégio do pedaço! A noite tem seus códigos, os becos com seus Big Men, quando tipos vestem roupagens e colegas de copo e de cruz buscam a sofreguidão a Baco, mergulhando no álcool e na ilusão da fumaça do amor bandido. Na noite, um resto de tango e um assovio, uma chave de quarto rotativo, um lençol cheirando a pó de arroz, rouge e Royal Briar. Um corpo suado exalando sabonete Eucalol, um cheiro de Alfazema Suíça, um lenço manchado de batom vermelho. Um fio de cabelo de mulher embaraçado à língua entorpecida, um elástico enrolado à coxa de nácar de uma Dama das Camélias. Na mesa de sinuca o taco de Lucídio Cutelo, a presença de Lapinha, do Bola, de Quincota e Nivaldo com seus anéis de brilhantes e o seu chapéu siciliano, com pena de papagaio. Na pista verde, trilha das fichas, da roleta e das ilusões geométricas, das mandalas do pôquer, do chemim de fér e figuras mágicas que traçam destinos de otários, de malandros e de patos barrufados. Na pista sintecada, Paulo Bocão dança bolero e a sua calça de linho S120 branco tremeluzia a luz vermelha do reclame e, o bico do seu sapato de verniz alemão refletia as sombras dos corpos atormentados rolando em fortes amplexos e juras de amor. Tião chega trazendo Doutor Jason para comer um lauto baião de dois. Ocultos pelo capim vermelho que encobria a saída dos fundos, Ló, Padeirinho, Chiquinho e suas caixas de ferramentas cheias de chaves, agás e de bobos michas. Nas mesas do bar e do dancing no piso superior, apaixonados se embriagavam escutando Lindomar Castilho cantando Andorinha e os notívagos, Pedra Azul, Moacir e Saint Clair preparavam mais um aplicação para otários. As estrelas da noite eram Vera Baiana e Maiza, dona de uma beleza estonteante e a mulher que mais faturava era a Galo Bravo, que quando estava estressada tirava a roupa e corria pela Rua Melo Viana. Principal via de acesso para o Bairro Morrinhos. Uma dama de negro, uma tremenda loira vinda da terra de Odim em busca de aventuras e apogeu múltiplo se encharcava de Jack Daniels, à mesa do fundo e, escutava o solo do piston de Chet Baker tocando Stella By Starlight. Com sua beleza estonteante provocava um frenesi no ambiente.

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