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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 26 de abril de 2024
 

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Mensagem: Uma hora memorável

Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Acanho-me em falar de minhas experiências. Mas, no dia 21 de maio, coube-me o lançamento de dois dos meus mais recentes trabalhos. Trata-se de um pequeno volume sobre Vargas - “Getúlio: de São Borja e São Borja”, e “Tempo de nascer: a obstetrícia em Minas”.
O ato foi no Auditório Vivaldi Moreira, da Academia Mineira de Letras, presente seu presidente, acadêmico Murilo Badaró, outros membros do sodalício, pessoas amigas e companheiros de ofício, gente da família que até Belo Horizonte se deslocou para o lançamento. Aliás, tudo valorizado pela participação do excelente Madrigal Renascentista, regido pelo maestro Marco Antônio Maia Drumond.
Uma noite memorável para o ancião que foi menino em Montes Claros e, sinceramente, não pensara galgar as escadas do velho prédio de residência de um dos maiores médicos de Belo Horizonte, Borges da Costa. Bem como do seu anexo, o auditório Vivaldi de um dos grandes entusiastas da Academia.
Em depoimento como este, temo descambar para o meramente social e trivial, ou para o emocional e piegas. Mas não se pode deixar de fazer um registro, que será, quem sabe?, o meu último. Em horas tais, repito o pensamento avoengo: ninguém sabe o dia de amanhã,
Durante a reunião, sem discursos, revi amigos antigos e conheci novos, entre os quais a bela gente da Aldrava, de Mariana, que levou um halo de alegria e juventude àqueles momentos. O pensamento e minha saudade vagavam pelas ruas estreitas de uma velha cidade norte-mineira. Nem poderia ser de outro jeito e maneira.
“Amo-te muito”, a bela modinha do inexcedível João Chaves, interpretada pelo Madrigal, encantou a Yeda Prates, enquanto meu coração parecia desfazer-se em lágrimas, de gratidão os que me o permitiram ser o que sou, em minha humildade e compreensão entre os homens de boa vontade.
A maioria não esteve presente simplesmente porque se fora, como os que nos iniciaram no caminho do bem do trabalho, os que apoiaram os passos primeiros no jornal e nos livros, os que prestigiaram com a leitura de nossos textos, comentando, elogiando ou criticando, mas sinceramente partícipes de nosso esforço.
Faltou o padre Murta, porque subira a escada antes. Mais recentemente, foi a vez de Olintho Silveira, intelectual de primeira linha, nascido no Brejo das Almas, hoje Francisco Sá, esposo de D. Yvone de Oliveira Silveira, símbolo da mulher a serviço das causas das letras.
Olyntho partiu, faltando dias para alcançar a histórica marca dos 100 anos, um campeão de vida e de operosidade, poeta e colaborador das folhas, digno e independente, atuante nas melhores frentes de batalha. Seu passamento emocionou as cidades em que nasceu e viveu, deixando um exemplo que as novas gerações deveriam receber como lição.
A Academia Montesclarense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros vestiram pesado luto. Haroldo Lívio disse do casal: “trabalhara pelo enriquecimento de nossa vida espiritual, sem descanso e apenas com o propósito de servir e participar do plantio da cidade das futuras gerações na implantação do ensino superior e de entidades voltadas para o aprimoramento de nosso nível intelectual”.
Irmão de Geraldo Silveira, outro intelectual e historiador, Oluntho foi lembrado por outro escritor da família. Maria Luiza Teles confessou: “A vida não tem misericórdia alguma com nossa dor, com nossa saudade. Ela continua inclemente, com suas exigências. E, mesmo com o coração partido, o peito oprimido, as lágrimas contidas ou não, a caminhada prossegue”. Evocou a palavra do pai: “Assim somos nós. As folhas todas vão caindo, pouco a pouco, para que a árvore se revista de folhas novas”.

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