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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 7 de maio de 2024
 

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Mensagem: MESTRA ROSITA ROSA AQUINO

HAROLDO LIVIO*


A grande dama alcança a gloriosa idade de noventa anos, e a família comemora a passagem da efeméride e convida os amigos, ex-alunos e admiradores para a festa. A aniversariante possui, realmente, mérito para a celebração de sua chegada a esse marco da existência que poucos conseguem alcançar. Trata-se de cidadã de alto valor moral e social, mercê de sua atuação no campo do magistério, em que participou da educação de gerações de jovens.Se o leitor ainda não a conhece, procure conhecê-la, porque passará também a admirá-la, sabendo de suas elevadas virtudes. Ela tornou-se muito conhecida em Montes Claros, sua cidade natal, sendo conceituada como expoente de sua classe e profunda conhecedora do vernáculo. Tive a honra e o privilégio de ter sido seu aluno de Português, no Colégio Diocesano, no distante ano de 1953. Como o tempo voa! Ela era um jovem senhora de 34 anos, no auge da mocidade, e seu aluno era um frangote de 14 anos com dificuldade para aprender os mistérios da complicada análise lógica. Separava-nos e continua nos separando a diferença de 20 anos, estando a mestra glorificada pelos novent’anos e o aluno vivendo os setent’anos, que não passam de uma questão de números a mais ou a menos.
Delicada, de voz baixa, meiga e naturalmente educada, não dá para acreditar, agora, que dominava com sua autoridade moral e peculiar bondade, uma turma de adolescentes que perturbavam a disciplina e que, volta e meia, recebiam punições. Com ela não tinha mão de ferro nem cara fechada. Ela chegava risonha e transbordando simpatia. Começava a chamada dos presentes, com a ordem se estabelecendo, até o silêncio total, no último nome. Mesmo moleques endiabrados como o campeão Marcelino Nascimento, Mário Tourinho, João Ruas, Nequinho Martins, Briguelito, Valmy Brito e outros menos votados se inclinavam, respeitosamente, diante da jovem professora, que se impunha pela doçura de temperamento.
Diante de uma mestra cujo nome, Rosita Rosa, parece ter sido tirado de um verso, mau elemento nenhum se atreveria a perturbar a ordem, embora fossem bons garotos, a maior parte deles vivos apenas na saudade. Se estivessem todos por aqui, gostariam, por certo, de aplaudir os noventa maios da professora de Português.
Dona Rosita Rosa Aquino, nonagenária pela graça de Deus, merece os aplausos que
saúdam sua inscrição na seleta lista de que fazem parte Yvonne Silveira, Ruth
Tupinambá, Luiz de Paula, Maria Celestino
Todos em atividade literária aos noventa anos, produzindo com o mesmo apuro da mocidade. Dona Rosita dedicou-se à gramática , que preparou muita gente para a arte de escrever. Parece ter escrito pouco, ou não publicou o que pode ter produzido, o que é uma pena, se tiver acontecido. Pessoalmente, ganha nota 10 como amiga, como mestra, como filha, como esposa modelo, como mãe, avó e bisavó apaixonada por seus entes queridos. Poucas pessoas conseguiram tanta felicidade na vida. Assim, recebendo a coroa de glória de seu merecimento, ensina a todos nós, seus eternos discípulos, que vale a pena viver, em paz e com a consciência tranquila do dever cumprido.

* Do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

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