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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 18 de maio de 2024
 

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Mensagem: ESTADIO JOAO REBELO, PASTO DE ANIMAIS
José Prates
“Em tempo: o burrinho/mulinha está sendo criado na minha manga verdinha, ou seja, campo do Ateneu,” diz Vicente, no linguajar regional, tratando pasto por manga, em sua mensagem publicada aqui (42699), O caso não é se é pasto ou se é manga. O caso é que em 1953, naquele domingo festivo, primeiro do mês de maio, com o estádio lotado para assistir Ateneu e Fluminense, alguém iria imaginar que cinqüenta e cinco anos depois, aquele belo e imponente estádio, com capacidade para três mil pessoas, moderno para a época, que recebeu o nome de Estádio João Rebelo, fosse transformar-se pura e simplesmente no pasto de um burrinho de estimação,
Aquele dia deve ainda estar na memória de muita gente que resistiu ao tempo e vive a saudade do que se foi para não voltar mais. Naquela ocasião, Montes Claros não tinha um estádio de futebol condigno para realização de jogos importantes do seu campeonato. Os dois times principais eram Casemiro de Abreu e João Rebelo que depois mudou para Associação Desportiva Ateneu e os jogos realizavam-se num velho campo, sem arquibancadas. Gramado? Praticamente não existia. A Rádio ZYD-7 que fazia a transmissão dos jogos importantes, na voz de Assis Veloso, levava para campo, colocando à margem do gramado, cadeiras para o locutor e comentarista; o resto do pessoal sentava-se em toscos bancos à margem do campo ou ficava mesmo de pé. O titulo de campeão da cidade era revezado entre Ateneu e Casemiro porque os outros times eram quase figurativos. Apenas o ferroviário tinha alguma expressão. A elite montesclarense dividia entre os dois clubes, não podendo dizer que este ou aquele fosse o de maior prestigio na alta sociedade. Quanto à torcida, o Ateneu levava vantagem, desde o tempo do João Rebelo era o time dos graúdos e do povão e o.Casemiro que muitos chamavam de “pó de arroz,” tinha uma torcida mais seleta. A rivalidade entre as torcidas existia como ainda existe hoje em todos os lugares onde se pratica o futebol. A fim de evitar atrito entre elas, no Estádio João Rebelo foram separadas por um alambrado que, no começo causou certo constrangimento, mas, depois se foi acostumando.
O que causa admiração e tristeza a nós que vivemos à época do apogeu do esporte em Montes Claros, é o descaso da sociedade com as coisas que foram belas e objetos de orgulho no passado. Assim foi a velha Praça de Esportes, o velho Clube Montes Claros e agora o Estádio João Rebelo que chega ao cúmulo de se transformar em pasto de animais. Ninguém se lembrou de conservá-lo, sem nada modificar, mostrando às novas gerações o que foi o futebol montesclarense. Ficou velho, imprestável, joga fora, é lixo! A Associação Desportiva morreu, pelo que eu soube. Nada mais natural, numa cidade onde é pequena a vocação desportiva. Aliás, se formos pesquisar e analisar a vida de Montes Claros, desde a sua fundação até os nossos dias, pode chegar à conclusão de que sua vocação sempre foi economia, puramente economia. E a essa vocação deve o seu extraordinário desenvolvimento, inclusive na área educacional que contribui e muito no desenvolvimento econômico, ao contrário do esporte, como pensam alguns altos dignitários da economia. Eu não sei o que está acontecendo, agora, em Montes Claros com relação ao futebol. Mas, pelo que sei através da imprensa, nem existe mais. Então chegou a hora de pessoas interessadas arregaçarem as mangas e restabelecer a vida desportiva da cidade para gaudo dessa juventude que, com toda certeza, tem sede de esporte; vamos aproveitar o velho estádio para o treinamento de jovens e quem sabe, daqui a pouco estaremos nos orgulhando de um grande desportista montesclarense no pódio da glória. É uma cidade industrializada e essa insdustria como em outros lugares, têm a possibilidade de um alto desempenho nessa operação, usando o esporte como marketing. Basta que ele exista de verdade, tratado com seriedade.


(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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