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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 29 de março de 2024
 

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Mensagem: O Jack, de Januária

Manuel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Januária ostenta belas tradições de cultura, hospitalidade, culinária. Nem só a sua aguardente é referência. A cidade ribeirinha tem história rica. Entanto, entrou na galeria dos casos medonhos, com o surgimento do maníaco Luiz Fernandes de Souza, 36 anos, que contou ter matado Liliane Gomes Magalhães, 18, e Patrícia Conceição Cunha, 30, aquela antes, violentada.
Após uma briga com a esposa, esta o chamou de “Jack, o estripador”. Ele teria contestado, dizendo: “Você vai ver quem é Jack.” As mulheres, que não a própria, foram assassinadas em 2006 e 2008. Para a delegada de polícia, Luiz Fernandes é um dos criminosos mais perigosos que ela já viu, pois aparenta ser pessoa tranquila, longe do que realmente é.
Jack, o estripador sertanejo! Que diria?
Januária é formada por gente laboriosa, e se tornou cidade em 1860. Sua história não inclui crimes bárbaros, mesmo na época do coronelismo. Lembra o professor Saul Martins que o vapor Saldanha Marinho, em 1870, inaugurou a navegação no Médio São Francisco, zarpando do Porto de Sabará, no Rio das Velhas, para chegar a Januária.
O januarense é inclinado à música. Entre os notáveis, estão Tertuliano Silva, dobradista e compositor; professor Batistinha, da Escola Normal; Cláudio Correia, saxofonista e Osvaldo Lins, o mágico da flauta.
Quando escreveu alentada história sobre a região, a cidade e o município, o professor Antônio Emílio Pereira começou encantadamente: “Vislumbramos o magnífico nascer do sol, tingindo de ouro os céus do horizonte e, às noites, a lua cheia, banhando-se de prata no reflexo das águas do São Francisco, e nós quedamos silentes, inebriados destas momentâneas mas perenes belezas”, Continua: “Enquanto este sol e esta lua, testemunhas milenares, em sua alternância, dirigem nossos olhares às torres intangíveis dos primórdios, percebemos que a mãe terra nos fornecerá dados preciosos para esta investida”. - a redação de sua obra.
Januária pertenceu à Capitania de Pernambuco, como os territórios da região das Minas Gerais à esquerda do São Francisco.
As terras à direita pertenciam à Capitania da Bahia, doada pela coroa portuguesa a Francisco Pereira Coutinho, em 1534. O território à esquerda fora doado no mesmo ano a Duarte Coelho Pereira.
Bravios na margem esquerda eram os caiapós, fixados numa faixa que se estende do atual São Romão ao Carinhanha. Mas combatiam os tapuias, expulsos do litoral pelos guaranis, aliando-se contra os conquistadores.
As gentes dali brigaram em defesa de seus direitos e por suas reivindicações. O que recentemente aconteceu com Luiz Fernandes Souza parece integrar-se no âmbito de crises pessoais, que se ampliam em várias regiões, resultando em sucessivas mortes de crianças e mulheres, principalmente as jovens.
Problema cíclico, não restrito ao Brasil. Em 2006, mais de 100 policiais foram mobilizados na investigação do assassinato em série de mulheres na pequena cidade de Ipswich, no Leste da Inglaterra. Em onze dias, cinco prostitutas foram encontradas mortas e os crimes deram muito trabalho à polícia.
Mas a esposa do assassino de Januária o classificou de “Jack, o estripador”.
Este agiu no século 19 e foi culpado pela morte de cinco prostitutas no Leste de Londres, em 1888, mais de um século antes das ocorrências à margem do rio da unidade nacional.
Só que o Tâmisa nada tem a ver com o São Francisco, e as vítimas de Jack não se enquadram nos padrões de Luiz Fernandes. O país é o outro, o ambiente é outro, o criminoso é outro, outro o tipo de assassinato.
Cá nas Minas Gerais de hoje, o assassino é um cidadão qualquer, homem frio e calculista.
Na Inglaterra, onde jamais se conseguiu identificar o criminoso, as suspeitas chegaram à casa real. Há a hipótese de o matador ter sido Edward, Duque de Clarence, neto da Rainha Vitória, irmão de Jorge V, e herdeiro do trono da Inglaterra.
São fatos que não se esquecem.

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