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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 24 de abril de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 74)

CANÇÃO DO CENTENÁRIO

A canção Montes Claros Centenária foi composta no início do ano de 1957, a pedido do Prefeito, Dr Geraldo Athayde e do Dr. Hermes de Paula, Presidente da Comissão de Comemoração do Centenário.
Eles queriam que eu fizesse um hino. Eu lhes disse que poderia tentar uma canção. Fiz a canção. Todos gostaram. A Prefeitura mandou fazer a gravação nos então modernos discos de 78 rotações.
Não havia ainda os discos de vinil.
Com o passar do tempo tomou corpo a idéia de regravar a canção em discos de vinil, de 33 rotações, inquebráveis. Amigos meus sugeriram alguns nomes de cantores. Passei então a aceitar a idéia de lançar o novo disco nos 125 anos da cidade.
Mas quem teve realmente ação decisiva no caso foi o presidente da SICAM, uma sociedade de direitos autorais de São Paulo.
Conheci-o por intermédio de um cantor, que posteriormente chegou a ser diretor da SICAM. Era natural de Janaúba e chamava-se Neurisvan. Falei com ele que era bom mudar o nome.
– Seu nome parece nome de remédio – eu disse.
Sentamos numa mesa, com o Afrânio Temponi, Alencar Cearense, Benedito Maciel e outros. Conversa daqui, conversa dali, mudamos o nome para Eddy Franco. Ele ficou muito feliz de nome novo. Com esse nome ingressou no meio artístico da capital paulista. Foi por intermédio do Eddy Franco que conheci o Adilson Godoy, diretor da SICAM.
Inicialmente o Adilson propôs que a mulher dele, excelente cantora de São Paulo, fizesse a gravação. Mas eu, lembrando o analista de Bagé, bradei:
– Que é isso, índio velho! Para gravar Montes Claros Centenária tem de ser cantor macho! É canção pra homem. Ele então sugeriu o Carlos Galhardo e a coisa deu certo.
Conhecer pessoalmente o Carlos Galhardo foi para mim uma grata surpresa. Ele era um “gentleman”. De trato ameno, civilizado, muito ligado à família, empenhado em bem educar a filha. Tinha consciência de seu lugar na música brasileira mas não se envaidecia com isso. Combinamos a gravação das duas músicas, marcando uma apresentação em Montes Claros, para relançamento da Canção do Centenário no Automóvel Clube.
Entreguei a ele as partituras e ele escolheu o arranjador e os músicos, todos da orquestra do Teatro Municipal. Do melhor nível que havia.
Assisti à gravação. É um trabalho cansativo. Em primeiro lugar foi gravado o acompanhamento, sob a batuta do maestro arranjador. E os músicos foram dispensados. Só então o Carlos Galhardo assumiu o microfone, em frente ao maestro, ambos com fones no ouvido, para ouvirem a orquestra e encaixar a voz.
Por sugestão do Carlos Galhardo o Quarteto em Si foi convidado para fazer a introdução da música e cantar o refrão.
Após duas ou três experiências o trabalho foi dado por encerrado e a gravação foi repassada para se ouvir o resultado. Todo mundo gostou.
Na ocasião ocorreu um episódio anedótico.
O Carlos Galhardo estava cantando o lado B, quando chegou ao estúdio um cidadão nordestino, vestido espalhafatosamente, com um terno cor de abóbora, camisa roxa, gravata amarela, sapato de duas cores. Ao chegar disse que era advogado e amigo do cantor.
Quando o Galhardo deixou o microfone, o camarada abraçou-o efusivamente:
- Galhardo, você está com o mesmo gogó de ouro que sempre teve. Se você quiser eu vou processar a Odeon por não estar lançando novos discos seus. Você não pode parar. Você está cantando bem demais. Eu ouvi bem o samba que você acabou de cantar. Já havia lido a letra, aqui, sobre a mesa. Uma merda. Mas na sua voz virou um sambão bonito pra caramba. Esse outro, o Monte Claro, esse já nasceu bom.

(Para ouvir a música Montes Claros Centenária, clique
aqui)


(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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